terça-feira, 20 de janeiro de 2015








cultivo a calma desumana.
inexpressiva, maquinal,
o meu rosto -
                imperturbável sob cada desabamento.
há um cansaço. saciar-me-ia não te desejar.
               
(soa a maldição esta ironia)




MF




segunda-feira, 12 de janeiro de 2015



[rascunho janeiro]

não posso ser amada, não agora. não desperdices as horas em mim
ainda escrevo,
sobre incêndios frios e ausências marinhas
ainda me deito,
com a mesma velhice com que (não) desperto
atraem-me,
os lagos fundos e as areias movediças
atraem-me
desertos exíguos onde se esvai a vida,
onde o peito implode
pressionado por mais que três dimensões


hei-de recuperar a juventude,
mas amo tragédias, (antíteses da morna monotonia)
amo tudo o que se desfaz teatralmente em violências desumanas,
renascendo em poemas febris, dissolvidos em loucura e impotência
e dependência obsessiva por imagens.
hei-de recuperar a juventude,
mas sintetizo ficções de memórias numa abstração desregrada
alimento ciclos unilaterais de inquietações difusas de tempos já mortos no Tempo


MF

to b

  [Serás humano até ao fim] caminhas tocando as paredes numa divisão obscura os caminhos múltiplos, as escolhas pressionadas por um tempo de...