quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
posso-te dizer que as lágrimas, essas, são sagradas
o licor dos anjos-humanos mais caídos
e que as asas estão a uma lágrima precisa de distância
que te sinaliza vulnerável perante ti
e te faz pedir por um abraço humano
somos tão grandes de tão pequenos
cuidando de seres tão mais pequenos que nós
esquecendo nesses momentos a nossa própria fraqueza
ser humano é muito.
chorar é muito.
chorar é grande de mais para negar
eu faço um hino ao ato de chorar e realizar,
no sal,
o sentido da dor de chorar
posso-te dizer que as lágrimas são sagradas
e o sagrado firma-me aqui:
à terra, ao humano, ao quebrado, ao distendido,
pelas forças silenciosas que se operam dentro de nós
e não têm nome às vezes,
nem rosto que possamos reconhecer familiar...
( não tenhas medo: o que sentes? onde sentes?
és afortunado por sentir
e chorar)
talvez nos doa mais tudo aquilo que herdámos sem saber
e procuramos no outro um reflexo, um eco
para lembrar que não estamos sós.
eu ajudo-te a carregar os pesos
eu digo-te que sempre voltei, das viagens mais atribuladas e distantes
algo na costa me chamou. um presente ou um futuro que já é.
MF, to TS.
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