Escrita automática
27 de Julho de 2017
1.43h
adoro a loucura
fluidez ininterrupta, estilhaço na veia
vislumbre de cura
terrenos espumosos, desvios insidiosos
altares de ternura
pedaços de pura (intuição )
saber-me rendida, numa cruz pendida,
num farol obscuro eu vi:
as areias fazendo-se mar
a justiça traçando o eixo
o medo, trejeito da enevoada loucura contra o espelho
eu vi eu caí eu sorri
eu cai eu chorei abandonar-te antes de te abandonar
por fingir ser humana
despi minha loucura
despi-me para te beijar
e fazermos sentido
mas só carne não me enaltece o espírito
não me rodopia aceso o espírito
contra o infinito
eu vou amor, eu vou de ti até mim outra vez
minha loucura esteve fechada, em mofo e fétido ar
não me olharias se te mostrasse
o sem sentido ouvido e sofrido
o sem sentido sentido pressentido em vagas palavras
caos conducente, caos amorfo, caos labareda
eu quero mais agora que o teu corpo
eu quero uma totalidade circunscrita (na carne)
eu quero que me leves e tragas de volta firme
- na minha loucura.
*
Ardemos juntos no fogo
sangue contra sangue
grito contra grito
mas que fazemos depois?
- no silêncio do mar minha alma sangra
da ferida entre-aberta do mutismo entre nós.
MF
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