domingo, 7 de janeiro de 2018








mini carta


...estava exausta. o esforço de uma nado submudo. Em silêncio via-nos e chorava sem lágrimas. Agora escrevo-Nos. Tenho um monumento de mármore cobrindo o meu rosto e o meu corpo. É que as lágrimas correram noutras noites. Avaria, combustão, implosão interna. Meus nervos mais que sensíveis deram-me ambos: o céu e a melancolia da solidão do amor. Nervos - salvando-se do excesso de amor, hoje apagaram-se e apagaram os meus olhos. "Mas ao menos fui feliz", pensei eu como se os dias fossem cinzentos a partir de hoje. Chegaste e choraste ao meu peito e as lágrimas ficaram-me dentro. Afastei a memória para não doer. Porque apertei-te como a mais ninguém. Nos dias e nas noites. E respirei-te e beijei-te a testa tantas vezes, minha criança e homem e rapaz. E não sei acabar o infinito em mim, o infinito simples de nós. Dentro de mim ainda estamos juntos ( e não queria acordar). Mas se nos lembro no início de nós...melancolia feliz - todo o amor em núcleo. Toda a presença de corpo e de espírito. Toda a solidão e medo excomungados. 

Ouve os cd´s outra vez, e lê os poemas quando fores velho. É que a melancolia e nostalgia envelhece-nos. E não há como seguir para novas paisagens, amores, erros, lições, sem que larguemos as âncoras do céu do sonho que fizemos a dois. Está na minha cabeça - tudo aquilo que nunca irei poder dizer. Porque a linguagem nos limita e nos prende como a gravidade a um chão e a memória é um céu - infinito e intocável como as estrelas. E tu viste-me sem te veres. E eu vejo-te sem me ver - como sou na tua memória. Só há uma palavra que se aproxima da nostalgia e beleza que nos sinto - Obrigada.  


Amo-Te.

MF


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