memorando, noite 22 de Fevereiro de 2018
(Dentro de mim somos o mesmo) (?)
Uma
tábua inscrita com a sensação do dia
Um
fundo onde sei que tem de estar tudo se bem que digam ser impossível
Ter-te
guardado
Cada
dia
Mas
só o Amor, só o Amor se gravaria dessa maneira
E
os feixes, as imagens, os quartos, as noites, os dias,
As
tentativas de fusão, o peso no coração,
O
decréscimo do eu diante aquele que amo,
Temor
e medo e amor,
Eu
sei que está tudo aqui, aquilo que não acesso, aquilo que não me lembro,
(eu
só me lembro que jaz lembrado em algum lugar, passível de ser lembrado cada
segundo que não me lembro )
Aquilo
que não construo a partir nem se desenvolve ateado por um simples som ou imagem
ou sorriso. É in media rés - a memória,
fragmentada em pedaços com o peso do mar que só eu vejo. É solidão, é solidão
outra vez e para sempre.
Só
tu vês. Só tu o vês. Não te sabes sob os olhos dele, sob o coração pintor. Do
outro lado é alguma coisa que desesperas por saber. Esse olhar através de outra
lente. Morrerias menina, morrerias se soubesses o que é ver por outro coração
porque terias de ser esse coração. E então desaparecerias. E já choras esse
nada. Prometes que não há o nada. Não há a morte resoluta e lógica cheia de
nada. Ou a morte é como esse lugar incomensurável e misterioso da memória - onde
tudo está sem que te lembres. (E a paz está em saberes que está la)
Tudo
lá. Tábua vagamente inscrita, é um nada se fechas os olhos para lembrar. É uma
certeza cega mas certa, saber fundo, lágrimas fundas. Tem de ser. Tem de haver.
Esse lugar. Diz-me também se ouves essa voz que Nos garante. Todos os dias de verão. Os primeiros dias do recomeço
do meu coração. As sensações que nunca senti, ali. E estás comigo. És real. E
as tuas imagens inalcançáveis como as minhas.
Mas
desespero por saber - se são também toldadas por lágrimas e por esta saudade-bomba
por tudo.
MF